Desde alguns dias
ela já não era mais a mesma, ela se notava um tanto distante de mim, seu medo de sair, de se encontrar era maior
do que tudo, de qualquer força, qualquer amor, o que não parecia realmente
existir. Seus compromissos, seu lazer em
família, suas viagens eram tão diretas e tão demoradas, que não me convinham a
mais nenhum respeito, a não ser me contar a noite, por sms, bate papos da
internet, o que virtualmente não sustenta qualquer relação que seja para levar um caminho sério e duradouro,
verdadeiro. Em uma viagem de passeio,
ela ficou basicamente mais de trinta dias longe de mim, o que nos unia eram os
simples sms e a internet, o que se predominava a ser cada vez mais distante,
aquilo ficava a cada dia mais difícil, agente estava superando uma coisa que
não existia, eu lutava para existir da minha parte, quando na verdade ela não
fazia a mínima questão ou preocupação se iria terminar, se passaria daquele
começo, ou se dissolveria com o que mal começou.
Passados alguns
dias, ela retornou, sem a menor menção ou consideração em ao menos me ligar
durante aquele dia, ou na noite. Uma simples ligação viria na noite do dia
seguinte, com uma voz distante que ressoava palavras que diziam que sentia
saudades, mas apenas formuladas com a
mente, sem um contato original com o seu coração, o que poderia eu fazer, a não
ser ouvir, e esperar pelo que viria nesses próximos dias.
Após uma semana da
sua chegada, então a vi novamente, graças a um churrasco que tínhamos combinado
com um pessoal, só casais, no quiosque de um clube logo adiante de minha
residência. Bem, depois de tanto tantos dias sem se ver, sem nada, ela viu que
tudo estava complicado, que eu poderia terminar dando um fim na história,
então, ela pode ter se antecipado. Mas naquela noite tudo estava muito
estranho, apenas tivemos certeza, como
pode-se dizer que aquilo eram um casal de dois apaixonados que se queriam, se
logo no início de tudo, após um pedido de segunda chance dela mesma, que não
deu conta de levar a sério na primeira, estava repetindo a história, sem ela
mesma se tocar, estava expondo sua
imaturidade, meses sem se ver, que foi recompensado com um encontro de “selinho”, com uma insatisfação da parte dela que
mostrava que não queria continuar com aquilo, e mais o medo de estar repetindo
tudo novamente. Sua face era mais fria,
seus gestos diante minha presença eram evitáveis. Era uma roda de amigos, músicas, gargalhadas,
e mais alguns casais, alguns completamente fora de sentido, elas davam mais
bola ao outro companheiro ao lado, do que ao seus parceiros originais que se distraiam na conversa com latinhas de cerveja nas mãos, o casal que estava na nossa frente era a
melhor amiga da minha namorada, com o namorado dela, o que era de dar inveja,
ela se atirava na frente dele, com gestos de ciúmes protegendo ele dos olhos
que estavam em volta, tudo na mais saudável brincadeira, claro. O mesmo que não estava acontecendo comigo, ao
contrário, estava mais pra lá do que pra cá, e estava horrível disfarçar junto
com a minha querida e amada garota o tempo todo, nos sentíamos mal. Eu a
abraçava mas isso causava um desconforto a ela, que conversava com uma outra
amiga sua, e eu dava espaço, como pede a educação, de instantes em instantes
ela pegava em minha mão, ou se enganchava em meu braço, o que se notava que era
apenas por uma passagem de sono ou preguiça, e eu naquele momento era como um
travesseiro.
Logo após enquanto
eu dava umas voltas no bosque onde se localizava o quiosque da churrasqueira,
eu a via no interior do quiosque com sua amiga em um bom papo, o que a deixava melhor e a vontade, nesse
tempo, eu também conversa com a rapaziada, a média que nos traz a conquista na
amizade. Em alguns instantes ela vinha
ali fora, me abraçava, permanecia ali com os meus braços em volto dela, mas o
que me doía é que eu sentia que ela estava cumprindo uma obrigação, que todas
as garotas acompanhadas dali estavam com seus parceiros, ela não fazia por puro
prazer de estar comigo na minha companhia.
A hora de ir embora é que foi tensa, ao embarcarmos todos em nossos
veículos, ela ligou para seu pai, para busca-la, isso sem nenhum problema, mas embarcaríamos com um amigo até a saída,
por motivos de segurança, é claro, mas deu a ver, que ela ainda no quiosque,
foi a primeira a se levantar do meu lado e sair, sem nem se quer, se virar em
direção aos meus olhos, em embarcar, sem
destreza no carro, como se eu não estivesse ali, não fizesse parte dela,
naquela noite e em vários dias atrás, tudo se resume em uma conclusão, toda
mulher quando não te coragem de dizer que não quer mais você, ela te passa um
recado, ela te ignora, ela te evita, e esse era o recado naquele exato
momento. São estas horas que um homem
sente três coisas, raiva, dor, e revolta.
Ela embarcou e atirou bem no canto, sua amiga sem sacar nada esperava
que eu entrasse, mas eu sabia de tudo, e estranhamente dei a ela a liberdade de
embarcar, se pôs no meio, enquanto eu fiquei no outro canto, então, com as mãos
fiquei massageando levemente os cabelos da minha da garota que se dizia ser
minha parceira, e ela retribuiu fazendo
o mesmo, um ótimo disfarce dos dois, e claro, e amiga dela se sentiu
atrapalhando.
Enfim ao sairmos
portão a fora, o pai da minha parceira
chegou, e ela se despediu de nós, e disfarçadamente me deu um beijo que foi no
rosto, mas seu pai não tinha a visto, ela fez sinal, ele retornou, então ela
novamente se inclinou e me deu um selinho na boca, sem sabor, sem nada, era o
fim.
Cheguei em casa,
esperei amanhecer o dia, lhe mandei sms, e claro que a resposta não veio, só a
tarde no bate papo, eu chamei, ela veio com a história de sentimentos confusos,
enfim, dizer tudo o que vi o tempo todo, ela não sabia o que dizer, ou era
falta de coragem, ou vergonha de sua imaturidade, misturado com o medo, de ter
feito tudo errado, que faltava amor, algo que segundo ela, não sentia, não
corresponderia ao meu sentimento. Enfim,
fomos bons amigos um dia, mas o complicado é quando você chama a atenção
dela mais do que só amigos, se ela
errou, eu posso ter errado mais, mas aceitei, sabendo que seria a esse ponto
que as coisas chegariam. A parte muito
bem feita que eu fiz, foi tirar a dúvida dela, sobre qual era o sentimento que
ela sentia por mim, afinal de que forma
eu chamava a atenção dela, era amizade ou algo mais, enfim nem ela sabia, mas
participei da aula que ela teve, como instrutor, claro que não me senti bem, muito menos ótimo, mas foi o que ocorreu.
No outro dia, eu
estava sentado em um banco no parque, então eu a avistei vindo até mim, seus
cabelos pretos, balançavam ao vento, estavam lindos, e seu rosto completamente
morno em minha direção, seria uma conversa, última. O fim se resume no que está
dito logo acima, e assim foi.
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